Primeiras impressões da inflação em dezembro de 2023 – Por Marcela Kawauti, economista Lifetime
Depois do susto do IPCA-15, divulgado há duas semanas, o número fechado da inflação para dezembro também trouxe surpresa com resultado maior que o esperado. O indicador ficou em 0,56%, ante expectativa dos analistas de 0,49% e dos 0,28% verificados em novembro.
Os preços ao consumidor fecharam 2023 com alta de 4,62%, bem melhor do que previam os analistas em janeiro do ano passado (5,31%), mas bem perto do limite definido pelo Conselho Monetário (o limite superior da meta era de 4,75%). Ainda assim, 2023 foi o primeiro ano desde 2020 no qual o Banco Central cumpriu a meta estabelecida. Dos 25 anos passados desde o início do sistema de metas para a inflação, o Banco Central deixou de cumprir a meta em 7 deles.
Ajudado pela supersafra agrícola, os preços de alimentos no domicílio foram fundamentais para o alívio da inflação ao longo do ano. O grupo recuou 0,52% no acumulado 12 meses em 2023 (de uma alta de 13,2% em 2022). Também foram importantes os bens industriais, beneficiados pela apreciação do real, que cresceram apenas 0,55% no ano, ante 9,5% no ano anterior.
A análise dos itens menos voláteis, no entanto, é fundamental para entender a cautela do Banco Central no atual ciclo de queda de juros. Os preços de serviços avançaram pelo segundo mês consecutivo e passaram de 6,1% para 6,2%, acima portanto, do teto da meta.
O dado de 2023 não muda a projeção para os próximos passos do Banco Central de queda de 0,5 p.p., mas reitera a importância da condução de política monetária com “serenidade e moderação” como o Copom tem destacado em seus comunicados.