Varejo surpreende positivamente, mas serviços têm queda em fevereiro após três altas consecutivas
Por Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset
A agenda doméstica da semana que começou com surpresa positiva nos dados de inflação terminou com dados de atividade econômica aquecida referentes a fevereiro.
As vendas no varejo cresceram 1,0% na comparação mensal e surpreendentes 8,2% no acumulado de 12 meses. O resultado veio muito melhor do que o esperado pelo mercado: respectivamente queda de 1,0% e alta de 3,3%. Na comparação com o mesmo mês de 2023, o principal destaque veio do forte crescimento das vendas dos supermercados e hipermercados, setores impulsionados pelo aumento da renda real. O varejo ampliado, que inclui veículos, materiais de construção e atacarejo mostrou alta de 9,7%, ainda maior do que o indicador restrito. Os dados indicam que também o impulso do crédito tem puxado a demanda por conta da queda nas taxas de juros.
Do lado de serviços, houve surpresa negativa nos dados de fevereiro, mas sem afastar o diagnóstico de atividade econômica aquecida. Depois de três altas mensais seguidas que acumularam avanço de 1,5%, o dado mostrou queda de 0,9% puxada pelos serviços de transporte. A expectativa era de resultado próximo da estabilidade (0,2%). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior o crescimento foi de 2,5% ante expectativa de 5,0%.
Os dados de vendas acima do esperado reforçam o diagnóstico da força da demanda doméstica. E os dados do setor de serviços, em que pese a acomodação, não mudam a tendência verificada nos meses anteriores. Na comparação com o pré-pandemia, o setor de serviços já avançou 11,6% e o comércio, 5,5%. A força do mercado de trabalho, aumento da renda real e a queda do custo do financiamento devem seguir impulsionando ambos os setores ao longo de 2024.