Piora na inflação ao consumidor nos Estados Unidos adia início dos cortes de juros
Por Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset
Os preços ao consumidor americano reaceleraram em março. O dado acumulado em 12 meses passou de 3,2% para 3,5%, chegando no nível mais alto desde setembro do ano passado. O resultado trouxe surpresa pelo terceiro mês consecutivo e veio acima das expectativas do mercado, de 3,4%.
Após um pico de 9,0% em junho de 2022, o CPI desacelerou até meados do ano passado. Desde então, ele oscila ao redor dos 3,0% e, portanto, acima da meta estabelecida pelo FED (ao redor de 2,0%). A resistência do indicador tem sido puxada pelos serviços que também voltaram a acelerar. Em março, a alta acumulada em 12 meses deste grupo ficou em 5,3%, acelerando após uma estabilidade em 5,0% que durou 3 meses. Também o núcleo, que exclui os preços mais voláteis de alimentação e energia, se manteve em patamar alto: 3,8%, estável em relação a fevereiro.
Em seus documentos, o FED tem reiterado que o início do ciclo de corte de juros acontecerá somente quando a inflação tiver caminhado de forma sólida para a meta, mas os dados colocam dúvida nesta trajetória. O CPI em aceleração e a resiliência do mercado de trabalho podem levar o colegiado a dar início ao afrouxo monetário apenas na virada do primeiro para o segundo semestre do ano.