Guerra e os impactos na economia
Em meio a uma guerra, os afetados não são somente os países envolvidos no conflito bélico. No processo de globalização, a interdependência social e econômica das nações é crescente. Sendo assim, o atrito entre Rússia e Ucrânia, no leste europeu – ou do outro lado do mundo, como nós brasileiros podemos enxergar –, ultrapassa fronteiras e reflete nas economias globais.
Metrificar o impacto neste momento não é algo que nos cabe, somente o tempo dirá. No entanto, alguns pontos já devem ser levados em consideração devido aos grandes impactos no curto prazo e que já estamos acompanhando desde a primeira semana da ofensiva russa.
É importante ressaltar que os eventos desencadeados pelas tensões do conflito não são a única causa de uma parte marcante da volatilidade do mercado, elas se somam à pandemia da Covid-19 com mercados já fragilizados, em busca de uma estabilidade, porém diretamente afetados pelo tamanho da própria economia russa e grande dependência de alguns produtos.
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Partindo dos pontos já levantados no vídeo acima, aprofundaremos a seguir em cada um desses assuntos com alguns dados e questionamentos pertinentes acerca do que já podemos observar e de como essa “economia de guerra” pode escalar a médio prazo.
1) Sanções econômicas
As sanções econômicas aumentam a cada dia com a intenção de estrangular o escoamento da Rússia. Até quarta-feira, após o Carnaval aqui no Brasil, tínhamos o início de uma movimentação, mas nada tão impactante de uma maneira geral. A partir de quinta e sexta-feira, Putin ordenou os ataques às usinas nucleares da Ucrânia. Assim, os Estados Unidos e todos os demais países do ocidente aumentaram expressivamente.
2) Inflação e juros
Fato é que toda a guerra aumenta a inflação, esse é um dado esperado. Recentemente, foi divulgado o dado de inflação de fevereiro nos Estados Unidos em 12 meses, que chegou a 7,9%. Ou seja, estamos no dia 20 da guerra e já temos um nível alto de inflação lá fora, potencializado por conta do preço da gasolina. No Brasil, somamos 10,54% em 12 meses segundo o último dado, com alta de 1% desde a divulgação anterior, um número muito acima do teto da meta e das expectativas do mercado, refletindo diretamente no bolso de todo mundo.
Além de refletir no bolso, com a inflação maior se fazem necessários juros maiores. Novos aumentos já estão programados no Brasil e já ocorrem desde o ano passado, já os EUA estão programando seu ritmo de altas, porém com maior cautela, pois precisam manter a economia no fluxo pujante sem puxar para baixo o preço dos ativos, qualquer movimento brusco do Fed poderia ser desastroso para a precificação das bolsas globais.
3) Commodities: energia e agricultura
Com grande influência, as commodities fazem preço. No caso do petróleo, vemos o brent acima de US$100, chegando aos US$139,13 em 7 de março. A Rússia responde por 41% da distribuição para a Europa, sendo os principais consumidores a Alemanha, Itália, França, Turquia, Holanda, Áustria, Polônia, Hungria e Reino Unido. Com o boicote dessa parceria incentivado até mesmo por Joseph Stiglitz, o Prêmio Nobel da Economia, alguns países já anunciaram a estocagem de gás para o inverno e iniciou-se uma busca por alternativas que não sejam lucrativas para os russos, mas que refletirão nos preços com o repasse à população.
Há também o caso dos fertilizantes, em que a Rússia responde a 23% das importações do Brasil para impulsionar o agro. Ainda que por aqui as sanções não chegaram e conseguimos fazer negócio com os russos, o governo brasileiro lançou um programa de alternativas aos fertilizantes, mas que ainda tem até 2050 para ser articulado, ou seja, é um programa de longuíssimo prazo. Assim, vemos ocidente cortando relações com a Rússia e a Rússia contra atacando alguns países do ocidente, mas o Brasil ainda continua a comprar fertilizantes e commodities de uma maneira geral, o problema é que o preço está um pouco mais caro que antes e isso vai impactar a nossa inflação que já não está baixa.
4) Capital estrangeiro aos emergentes
O Brasil por ter começado o ciclo de alta de juros como combate à inflação antes dos demais países, hoje nos encontramos numa posição à frente. Podemos dizer que somos o emergente preferido. Dentre os BRICS, a Rússia está em guerra, a China é duvidosa por apoiar a Rússia, logo, as alocações não estão indo para lá, na Índia os preços já estão caros e a África do Sul vive uma estabilidade. Dados os fatos, o Brasil neste momento é o preferido para alocação em emergentes, mas isso pode começar a mudar logo.
Esses são os principais pontos de impacto da guerra. Pensando no rebalanceamento de carteira para a grande volatilidade da ocasião, estratégias de defesa são bem-vindas, para apostar nos ganhos é importante visar juros e, consequentemente, a inflação. Cenários de estagflação ou mesmo de recessão também devem ser levados em conta na incerteza, mas a cada dia surgem novidades que dão o tom do mercado.
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