Qual a perspectiva para os EUA em 2024? Confira a análise de Vitor Carettoni
Investidores de todos os cantos do planeta voltam suas atenções para os Estados Unidos neste começo de 2024, de olho em como a maior economia do planeta deve afetar os mercados globais em um ano de agenda cheia, que inclui até mesmo eleições presidenciais. Pensando nisso, trouxemos uma análise feita por Vitor Carettoni, diretor da Lifetime Asset, acerca das expectativas para a economia dos EUA neste ano.
Dívida recorde nos EUA
A dívida do governo dos Estados Unidos vem crescendo exponencialmente desde a crise de 2008, tendo atingido o novo recorde de US$ 34 trilhões no dia 29 de dezembro de 2023, o que simboliza um crescimento de mais de US$ 11 trilhões desde o final de 2019, quando o endividamento totalizava US$ 22,7 trilhões.
Para Vitor Carettoni, a situação das contas públicas dos EUA é bastante delicada, e não deve melhorar pelo menos até 2025. “Temos, no final de 2024, as eleições norte-americanas. O país segue bastante dividido e cada candidato que for entrar deve fazer propostas de aumentos de gastos, de estímulos às famílias, estímulos às empresas, então essa situação fiscal, que não é boa, deve piorar pelo menos no primeiro ano após as eleições, que é 2025, para talvez começar a ser endereçada em 2025”, explica.
Dessa forma, cresce a preocupação acerca do endividamento norte-americano, uma vez que o mercado teme que os EUA entrem em uma situação de trajetória de dívida que pode se tornar insustentável. Nesse contexto, a agência de classificação de risco Moody’s revisou a perspectiva para a nota de crédito dos Estados Unidos de “estável” para “negativa” em novembro de 2023. A Fitch Ratings, por sua vez, rebaixou a classificação da dívida dos EUA de AAA para AA+ em agosto.
Apesar de a situação não ser das mais favoráveis, Vitor Carettoni reforça que não há motivo para pânico. “Sempre que necessário, os Estados Unidos ‘puxaram o freio de mão’ e corrigiram a rota do país”, conclui.
A situação da economia norte-americana
No que diz respeito à inflação, Vitor Carettoni avalia que ainda deve levar algum tempo até que o indicador recue do patamar de 3,2% ao ano, observado na última leitura, para a meta de 2% ao ano. Esse recuo da inflação permite que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) corte os juros, mas não de forma tão acentuada, e talvez esse corte não tenha início tão cedo assim.
Carettoni também destaca que o endividamento das famílias segue elevado e as taxas de hipoteca estão altas. “O mercado imobiliário é uma das locomotivas da economia americana, e ele começa a entrar em uma situação de desaceleração um pouco mais acentuada.”
Contudo, o mercado de trabalho segue resiliente, desacelerando em um ritmo bastante vagaroso em resposta ao aperto monetário que foi conduzido pelo Fed, o que aumenta as expectativas por um “soft landing”, ou seja, um pouso suave, no qual a economia sofre menos e pode voltar a crescer com mais facilidade. Dados recentes revelam que a taxa de desemprego dos EUA se manteve em 3,7% da população, sem mostrar aceleração significativa apesar dos juros elevados.
Perspectiva para os ativos norte-americanos
Carettoni avalia que, apesar de um possível início de ciclo de cortes nos juros ainda neste ano, o que favorece os ativos de risco em detrimento de ativos mais conservadores, “as bolsas americanas estão em um patamar de preço bastante elevado quando comparado aos níveis históricos”.
Em outras palavras, grande parte das empresas americanas negociam a múltiplos muito elevados, o que faz com que não enxerguemos um potencial de valorização expressivo em 2024. Por outro lado, a renda fixa nos Estados Unidos está pagando taxas bastante atrativas, o que justifica uma exposição a essa classe de ativos, prezando sempre pela qualidade de crédito dos títulos, evidentemente.