Ata do Fomc: cortes de juros em 2024 são “prováveis”, mas incerteza persiste
O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) avalia que é provável que ocorram cortes nos juros em 2024, segundo a ata da última reunião de política monetária divulgada nesta quarta-feira (3). Na reunião, que aconteceu entre os dias 12 e 13 de dezembro de 2023, os membros do Federal Open Market Committee (Fomc) optaram por manter as taxas de juros inalteradas, entre 5,25% e 5,50% ao ano.
Fomc mais cauteloso que otimista
Embora avaliem que cortes nos juros são prováveis, as autoridades monetárias não deram nenhum indício a respeito de quando e sob quais condições tais cortes podem acontecer, demonstrando certo grau de incerteza acerca da trajetória da economia norte-americana ao longo deste ano.
Em outras palavras, há motivos para a adoção de uma postura mais cautelosa com relação à inflação no país, uma vez que a persistência da alta de preços pode levar o Fomc a manter a taxa de juros no patamar atual por um período mais prolongado, o que exerceria um impacto negativo sobre os mercados globais, limitando a valorização de ativos de risco e o desempenho de bolsas de valores de países emergentes, como o Brasil.
De forma geral, as autoridades monetárias reconheceram que houve progresso no combate à inflação nos últimos seis meses, mas ressaltaram que a evolução foi desigual em diferentes setores, com um arrefecimento satisfatório dos preços de energia e bens, mas com pressões persistentes nos preços dos serviços.
Portanto, o início de um ciclo de cortes de juros ainda em 2024 e sua intensidade dependerão de sinais claros de convergência da inflação em direção à meta, de 2% ao ano. Para efeito de comparação, a inflação acumulava alta de 3,2% no intervalo de 12 meses encerrado em novembro de 2023.
Dívida dos EUA volta ao radar
Neste início de ano, investidores se atentam à discussão acerca do crescimento da dívida do governo dos Estados Unidos, que atingiu um novo recorde de US$ 34 trilhões no dia 29 de dezembro, o que simboliza um crescimento de mais de US$ 11 trilhões desde o final de 2019, quando o endividamento totalizava US$ 22,7 trilhões.
Maya MacGuineas, presidente do Comitê para Orçamento Federal Responsável, disse que “embora o nosso nível de endividamento seja perigoso tanto para a nossa economia como para a segurança nacional, a América simplesmente não consegue parar de contrair empréstimos”, ressaltando a situação sem precedentes da economia norte-americana.
Dessa forma, o endividamento se torna mais um fator de risco para os EUA, mas a expectativa é de que o governo norte-americano adote políticas visando uma redução do grau de endividamento, via expansão das receitas e/ou cortes de gastos. Por ora, a situação preocupa, mas não a consideramos alarmante, tendo em vista o histórico dos Estados Unidos no que diz respeito a contornar esse tipo de problema.