Primeiras impressões do payroll de dezembro – por Marcela Kawauti, economista Lifetime

Os dados divulgados na manhã desta sexta-feira (5) pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos via payroll, o relatório de emprego, mostraram que o mercado de trabalho americano fechou o ano mais forte do que o esperado.
O desemprego se manteve em 3,7% entre novembro e dezembro, um pouco acima dos 3,5% verificados ao fim de 2022, mas a abertura de novas vagas surpreendeu, mostrando atividade mais aquecida que as projeções. Foram criados 216 mil novos postos de trabalho em dezembro, acima dos 173 mil de novembro (revisado para baixo de 199 mil) e dos 175 mil esperados.
Em 2021, durante a recuperação da crise causada pela Covid-19, foram criadas 7,27 milhões de vagas. Em 2022 o dado desacelerou para 4,79 milhões, e, em 2023, para 2,72 milhões. Ainda que a trajetória seja de desaquecimento, ele é mais lento do que o esperado, com patamar acima das médias verificadas no período pré-pandemia.
O aumento no número de postos de trabalho em aberto pressionou os salários, que tiveram crescimento anual de 4,1% em dezembro, acima dos 4,0% no mês anterior. A expectativa era de um alívio para 3,9%. Apesar de terminar 2023 abaixo dos 4,8% verificados ao final de 2022, a alta dos rendimentos muito acima da meta de inflação (média de 2%) pressiona a demanda e os preços de serviços. Além disso, dá força às apostas de que o FOMC (comitê de política monetária dos EUA) poderá iniciar o ciclo de queda nas taxas de juros apenas ao final do primeiro semestre.
O colegiado, na sua última reunião, reiterou que o início do ciclo de normalização de taxas de juros dependerá dos dados, ou seja, condicional às evidências de um retorno sustentável da inflação à meta de 2% e do equilíbrio no mercado de trabalho. Neste contexto, o payroll será crucial para acompanhar a evolução dessas variáveis em 2024.