Copom mantém o ritmo de cortes, mas muda a perspectiva para as próximas reuniões
Texto por Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset
Em linha com as expectativas, o Copom cortou os juros em 0,5 ponto percentual, de 11,25% para 10,75% ao ano. O comunicado que divulgou a decisão trouxe alterações relevantes com um tom mais duro. Em primeiro lugar, o colegiado reconheceu que os núcleos se situam acima da meta de inflação, mesmo com o a trajetória de desaceleração do índice cheio. Além disso, o comitê reconheceu que as conjunturas doméstica e internacional estão mais incertas em relação ao que se verificava na última reunião no final de janeiro.
A mudança mais relevante veio na indicação dos próximos passos do comitê. A sugestão de que o ritmo de cortes de 50 pontos base seria mantido nas duas próximas reuniões foi substituído pela comunicação de mais um corte de mesma magnitude em maio, mas sem promessas para os encontros seguintes.
O aumento dos riscos em relação ao cenário base levaram o Comitê a sinalizar mais flexibilidade na condução da política monetária, levando ao fim do chamado forward guidance. O lento processo de deflação, as surpresas inflacionárias, as expectativas acima da meta e o cenário global ainda demandam “serenidade e moderação na condução da política monetária” e os passos a partir da reunião de junho estarão fortemente dependentes dos dados macroeconômicos.