Fed ainda não está convencido que é hora de cortar os juros nos EUA

Texto por Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset
Conforme esperado, o FOMC manteve a taxa de juros americana entre 5,25% e 5,50% ao ano, patamar vigente desde agosto do ano passado. A decisão já era amplamente antecipada pelo mercado, o que colocou peso sobre o comunicado pós-decisão e em eventuais indicações do colegiado a respeito do início do ciclo de cortes de juros.
O documento que comunicou a decisão do banco central americano trouxe poucas alterações. O diagnóstico de que o mercado de trabalho estava mais moderado foi substituído pela impressão de um mercado de trabalho forte com desemprego baixo.
As projeções dos membros do colegiado concentraram as atenções do mercado. Destaca-se o avanço da expectativa de crescimento do PIB de 1,4% para 2,1% neste ano e de 1,8% para 2,0% em 2025. Os núcleos de inflação passaram de 2,4% para 2,6% em 2024 e foram mantidas em 2,2% e 2,0% em 2025 e 2026 respectivamente.
A atividade mais aquecida e a variação de preços mais alta levaram os membros do comitê à revisão as perspectivas de juros, em especial para prazos mais longos. Para 2024, houve manutenção dos FED Funds em 4,6%, com alta de 3,6% para 3,9% em 2024, de 2,9% para 3,1% em 2025 e 2,5% para 2,6% no longo prazo. São, portanto, 3 quedas de 0,25 p.p. em 2023 e mais 3 cortes em 2024. O FED ressaltou, no entanto, que o grau de incerteza deste cenário é alto e exige atenção.
Com relação à indicação do momento do início do ciclo de queda de juros, o FED ressaltou mais uma vez que a redução das taxas acontecerá apenas quando o comitê estiver convencido de que a inflação está caminhando de forma sustentável para os 2%. Contudo, a piora das projeções dos núcleos de inflação com atividade mais forte sugerem que o ciclo não deve começar nos próximos meses.