Inflação recua pelo 4º mês consecutivo, mas volta a ficar ligeiramente acima da meta
Texto por Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset
Depois da forte surpresa positiva do IPCA-15 de janeiro, o dado de inflação para o mês fechado reverteu a percepção e veio acima do esperado. A alta foi de 0,42%, ante expectativa de mercado de 0,35%. Em 12 meses, o indicador passou de 4,62% para 4,51%, em queda pelo quarto mês consecutivo, mas levemente acima do limite da meta. Vale ressaltar que o objetivo de inflação que era de 3,25% em 2023 passou para 3,00% em 2024, com o teto do intervalo de tolerância recuando de 4,75% para 4,50%.
Do lado positivo, os preços de transportes seguem em queda, com especial destaque para dois itens específicos. As passagens aéreas que figuravam como a principal pressão de alta dos preços de serviços até o final do ano passado, recuaram 15,22% no mês. Caso esse recuo fosse excluído do cálculo, o IPCA ficaria ainda maior: em 0,57% no mês. Também foi destaque a queda de 0,39% nos preços de combustíveis (etanol, diesel e gasolina). Também os preços de serviços, que figuram como uma das principais preocupações do Copom em relação à inflação corrente, desaceleraram, mas se mantém acima do índice cheio. Entre dezembro do ano passado e janeiro desse ano, passaram de 6,22% para 5,62%, ajudados pela queda das passagens aéreas.
Por outro lado, a surpresa de alta foi concentrada principalmente nos preços de alimentos in natura que refletem os impactos do El Niño e de fenômenos climáticos extremos (secas e enchentes). O grupo alimentação no domicílio acelerou de 1,11% em dezembro para 1,81% em janeiro.
Será importante observar, a partir de agora, como se dará o balanço entre o repasse de queda dos combustíveis e passagens aéreas e a alta dos preços de alimentos para os demais preços ao consumidor. Por ora, a inflação corrente não parece ser uma preocupação para o Banco Central, que ainda sente conforto para manter o passo de queda de 0,5 ponto percentual. Contudo, o balanço de riscos será relevante para determinar o patamar do fim do ciclo de queda de juros.