IPCA-15: Alimentos e Educação pesam sobre os preços ao consumidor na primeira metade do mês
Texto por Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset
O IPCA-15 de fevereiro, a prévia do índice oficial de preços ao consumidor no mês, mostrou um avanço de 0,78% na comparação mensal, acelerando com relação à alta de 0,31% registrada em janeiro, mas ainda abaixo das expectativas de mercado, que previam alta para 0,82%. No acumulado em 12 meses, o indicador avançou de 4,47% para 4,49%, bem próximo do teto de tolerância da meta, que é de 4,50%.
Apesar da surpresa positiva, a composição do indicador requer atenção. Os preços de serviços recuaram levemente de 5,62% para 5,42%, apesar da alta sazonal dos preços de educação e puxados pelos preços de passagens aéreas, que caíram 10,65% no mês.
Os serviços subjacentes que excluem esses itens, por outro lado, voltaram a subir. O grupo, que tem maior correlação com pressões de demanda e os efeitos de política monetária, passou de 4,94% para 5,03% no acumulado em 12 meses. A alta é discreta, mas acontece sobre um patamar já elevado. Também os preços de alimentos, grupo com alto potencial de repasse, passaram de 0,58% para 1,36% no mês. Por fim, os preços de combustíveis, também com possível contágio para o restante da economia, avançaram 0,77% na comparação com o mês anterior, conforme esperado.
A resistência da inflação ao consumidor próxima do teto do intervalo de tolerância não muda a expectativa para ao menos mais dois cortes de juros de 50 pontos base nas próximas reuniões do Copom, mas pode tirar espaço do Banco Central para avançar o ciclo de corte de juros para próximo dos 9,0% previstos pela pesquisa Focus. Será importante observar como se dará um eventual repasse da alta de custos de combustíveis e de alimentos para os demais preços na economia e como isso pressionará os preços de serviços daqui para frente.