PCE: Inflação desacelera nos Estados Unidos, mas preços de serviços seguem resistentes
Texto por Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset
O PCE, a métrica oficial da evolução dos preços ao consumidor usada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), avançou de 0,1% para 0,3% na comparação mensal entre dezembro e janeiro. O dado acumulado em 12 meses (mais facilmente comparável com o objetivo de inflação em 2%), por sua vez, recuou de 2,6% para 2,4%, dentro do esperado pelo mercado. O resultado, o menor nesta base de comparação desde o início de 2021, mostra continuidade da trajetória de desaceleração dos índices de preços, fator relevante para que o Fed possa iniciar o ciclo de queda da taxa de juros.
Contudo, o detalhamento do indicador ainda incita preocupação. A desaceleração do PCE foi puxada pela deflação maior nos bens duráveis (que passaram de -2,3% para -2,4% no acumulado em 12 meses) e de preços de energia (de -1,7% para -4,9%). Por outro lado, os preços de alimentação e de serviços ficaram estáveis respectivamente em 1,4% e 3,9%. O primeiro grupo tem forte potencial de repasse e o segundo vem sendo puxado pelo mercado de trabalho aquecido. O resultado, somado à revisão para cima nos dados de consumo interno dentro do resultado do PIB, pode fazer com que a convergência da inflação à meta seja mais lenta do que o antecipado.
Os dados destacados serão acompanhados de perto pela autoridade monetária americana. O Fed precisará de fortes evidências de controle da inflação antes de iniciar o ciclo de relaxamento monetário.