Ata do Fomc reforça mensagem de cautela e indica riscos de alta à evolução de preços
Texto por Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset
Na Ata da primeira reunião do Fomc (comitê de política monetária dos EUA) de 2024, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) reconheceu que há uma desinflação em curso na economia americana, mas manteve o tom de cautela. O documento reiterou que os juros básicos só serão cortados se houver confiança de que o índice de preços caminha de forma sustentável para a meta de 2% ao ano.
Há importantes riscos de alta à evolução dos índices de preços que podem interromper tendência de desinflação. Em especial, o Fomc citou um fortalecimento da demanda agregada (via mercado de trabalho mais aquecido) e aumento dos problemas no escoamento das cadeias de produção.
Por fim, o discurso mais conservador do colegiado foi reforçado pela percepção de que há riscos em ter pressa para iniciar o relaxamento das condições monetárias. Vale ressaltar que o Fed tem um duplo mandato com objetivo de manter a inflação em 2% ao ano e ao mesmo tempo manter o máximo emprego. Com a demanda ainda forte e o crescimento dos salários, o Fed tem maior tranquilidade em manter os juros altos para perseguir o objetivo de estabilidade de preços sem se preocupar com um eventual repique da taxa de desemprego.
A ata da reunião do Fomc (que aconteceu antes das surpresas altistas na divulgação do CPI e do mercado de trabalho referentes a janeiro) reforça nosso cenário de que o início do afrouxamento monetário deve acontecer em junho. Ressaltamos, no entanto, que o Fed está muito dependente de dados. Isso significa que o primeiro corte pode ser adiado se a trajetória de queda de inflação for ainda mais lenta que a antecipada ou se houver indícios de repasse da recente alta de custos de frete marítimo para os preços finais.