Apesar da estabilidade no segundo semestre, o PIB brasileiro cresceu 2,9% em 2023

Texto por Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset
O PIB brasileiro ficou estável no último trimestre de 2023, levemente abaixo da expectativa de 0,1% e repetindo a variação do trimestre anterior. Houve desaceleração moderada após crescimento de 1,3% e 0,8% nos dois primeiros trimestres do ano, mas a atividade se manteve em patamar elevado. No ano, a atividade avançou 2,9% e ficou muito próxima dos 3,0% verificados em 2022. Com esse resultado, a recuperação pós pandemia (de 2021 a 2023) já soma crescimento de 11,1%.
A evolução da economia brasileira em 2022 e 2023 trouxe variações similares, mas a composição do crescimento mudou bastante. Pelo lado da oferta o principal destaque do ano passado foi a alta de 15,1% na agricultura, após um pequeno recuo no ano anterior. O avanço, ajudado pela super safra, foi um dos principais fatores por trás do erro dos analistas, que previam crescimento de abaixo de 1,0% para o PIB brasileiro no início de 2023.
O crescimento da indústria, por outro lado, ficou um pouco acima do ano anterior e passou de 1,5% para 1,6%. O setor se beneficia da queda das taxas básicas de juros, que passaram de 13,75% ao final de 2022 para 11,75% ao final de 2023. Por fim, o setor de serviços desacelerou de 4,3% para 2,4%. Vale destacar aqui que o crescimento menor acontece sobre um patamar elevado, e que o setor tem sido o principal destaque na economia brasileira desde o fim da pandemia. Pelo lado da demanda, os destaques de 2023 foram os crescimentos do consumo do governo (+1,7%) e o consumo privado (3,1%).
Para 2024, devemos ver um crescimento de atividade mais bem distribuído. A expectativa é de estabilidade da agricultura no atual patamar elevado, o que é positivo após um ano de forte alta. A indústria deve seguir se beneficiando da continuidade da queda nos juros básicos, e as projeções para o setor de serviços são de crescimento menor, mas ainda relevante e sobre um patamar elevado.