Surpresa positiva na inflação ao consumidor dá alívio ao Banco Central, mas incertezas persistem
Por Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset
Após resultados acima das expectativas entre dezembro do ano passado e fevereiro deste ano, o IPCA de março trouxe surpresa positiva. Os preços ao consumidor variaram 0,16% no mês, abaixo da expectativa de 0,25% e menor do que os 0,83% de fevereiro. O recuo em relação ao mês anterior já era previsto com o fim dos efeitos do aumento sazonal das mensalidades escolares, mas ele foi maior que o esperado com queda nos preços de transportes, artigos de residência e comunicação. O IPCA acumulado em 12 meses desacelerou de 4,50% para 3,93%, mais próximo do centro da meta de 3,0% para este ano.
O dado traz algum alívio para o Banco Central que na última ata havia elencado a surpresa inflacionária como uma de suas preocupações. No entanto, outros riscos citados ainda permanecem. Mais especificamente os preços de serviços subjacentes, aqueles que são mais influenciados pelos ciclos econômicos e a demanda, voltaram a subir e passaram de 4,93% para 5,03% no acumulado em 12 meses. Também os alimentos, que haviam ajudado a desinflação registrada no ano passado, avançaram pelo quinto mês consecutivo e passaram de 1,77% para 2,51%.
Os preços ao consumidor trouxeram sinais mistos, com recuo maior do que o esperado no índice cheio e reaceleração do núcleo de serviços subjacentes e dos alimentos. Não foram suficientes, portanto, para dissipar as incertezas citadas nos documentos do Banco Central. Por conta disso, não há mudança da expectativa de mais uma queda de 50 pontos base em maio e provável diminuição do passo nos meses seguintes.