Argentina termina 2023 com inflação de 211,4% após aceleração em dezembro
A inflação ao consumidor avançou 25,5% na Argentina em dezembro, fechando 2023 com alta acumulada de 211,4%. Em novembro, a inflação registrada foi de 12,8%, acumulando alta de 160,9% no intervalo de 12 meses, mas o impacto inicial das medidas adotadas pelo presidente Javier Milei provocou uma aceleração já esperada da alta dos preços.
Como disse o próprio presidente, a situação da economia argentina deve “piorar antes de melhorar”, uma vez que o plano de governo de Milei prevê um choque econômico que tem como objetivo superar o problema crônico de déficits fiscais da economia argentina e frear a inflação.
Uma das primeiras medidas adotadas por Milei, que assumiu a presidência no dia 10 de dezembro, foi uma forte desvalorização do peso em relação ao dólar. A cotação oficial do dólar passou de 366 pesos para 800 pesos de um dia para o outro, ficando mais próxima das cotações praticadas no mercado paralelo.
Essa desvalorização repentina da moeda argentina perante o dólar contribui para que a inflação viesse ainda mais forte em dezembro, e seu impacto ainda deve ser sentido na leitura de janeiro. Contudo, a medida era necessária para corrigir o desequilíbrio gritante entre a taxa oficial e o câmbio paralelo, que provocada diversas deformações na economia argentina.
O futuro da economia argentina
O desafio de eliminar o problema crônico de déficits fiscais e frear a inflação galopante na Argentina é grande, mas as primeiras medidas adotas por Javier Milei têm agradado grande parte do mercado e sinalizado um comprometimento maior do que o de seus antecessores no que diz respeito a levar a cabo as reformas necessárias para estabilizar a situação da economia argentina.
Na última quarta-feira (10), o governo da Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI) chegaram a um acordo para renegociar a dívida do país. O acordo, que desbloqueia US$ 4,7 bilhões à nação, tem o intuito de liberar recursos para “apoiar os fortes esforços políticos das novas autoridades para restaurar a estabilidade macroeconômica e ajudar a Argentina a satisfazer as necessidades da sua balança de pagamentos”.
O FMI tem considerado positivas as medidas adotadas pelo novo governo, tecendo elogios à ação rápida da equipe econômica e reforçando sua perspectiva positiva para a economia argentina caso o ímpeto inicial seja mantido.
Agora, Milei e sua equipe econômica deverão trabalhar na elaboração de metas realísticas de déficit, visando a redução gradual da diferença entre gastos e receitas do governo, bem como em maneiras de viabilizar o acúmulo de reservas de dólares, uma vez que a Argentina queimou grande parte de suas reservas nos últimos anos, saindo de US$ 77,5 bilhões em 2019 para US$ 28 bilhões no final de 2023.