Fed: Bostic enxerga início dos cortes nos juros dos EUA no 3° trimestre
O ciclo de cortes nos juros dos Estados Unidos pode ter início no terceiro trimestre de 2024, segundo avaliação de Raphael Bostic, presidente do Federal Reserve (Fed) de Atlanta. Com uma postura cautelosa, Bostic ressaltou, em pronunciamento nesta quinta-feira (18), que deseja ver mais evidências que indiquem a convergência da inflação em direção à meta de 2% ao ano no horizonte relevante.
“Cortes prematuros nas taxas de juros poderiam desencadear um aumento na demanda que poderia iniciar uma pressão de alta nos preços”, disse o economista. “Não queremos prejudicar o grande progresso que fizemos até agora trazendo a inflação de volta à meta.”
Apesar de, no presente momento, avaliar que os cortes serão possíveis a partir do terceiro trimestre, Bostic diz que está aberto a uma antecipação do início dos cortes caso os dados de inflação surpreendam positivamente ao longo dos próximos meses, com evidências convincentes de que os preços estão desacelerando mais rápido do que o esperado.
O presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, por sua vez, avalia que a inflação deve continuar desacelerando lentamente neste ano, e ressaltou as expectativas positivas para o mercado de trabalho e para a economia dos EUA, o que tornam a possibilidade de uma recessão “menos provável”.
Ação do Fed e resposta da inflação
Após o início do ciclo de alta dos juros conduzido pelo Federal Reserve, que levou as taxas ao patamar entre 5,25% e 5,50% ao ano, a inflação ao consumidor acumulada em 2023 foi de 3,4%, ainda bastante acima da meta de 2% ao ano, mas abaixo da inflação de 6,5% observada em 2022.
Portanto, ainda será preciso manter a política monetária em patamares contracionista por mais alguns meses até que seja seguro dar início ao ciclo reverso. A principal preocupação do Fed no momento é trazer a inflação de volta para a meta, e a resiliência do mercado de trabalho norte-americano tem demonstrado que a economia está suportando relativamente bem os juros mais altos.
A queda dos juros nos EUA tende a beneficiar tanto os mercados globais de renda variável quanto a renda fixa de países emergentes como o Brasil, uma vez que juros mais baixos na principal economia do planeta aumentam o apetite por risco dos investidores.