Inflação dos EUA acima do esperado em janeiro pode atrasar ciclo de corte de juros
Por Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset
O ano começou com surpresa negativa nos dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos. O CPI ficou em 3,1% no acumulado em 12 meses até janeiro, abaixo dos 3,4% do mês anterior, mas acima das expectativas de mercado que previam uma desinflação mais forte, com recuo para 2,9%. As altas de alimentação e serviços foram as principais responsáveis pelo resultado maior que o esperado. Após um período importante de desinflação dos preços finais, que durou de junho de 2022 a meados de 2023, a inflação parece ter se acomodado acima da meta e tem ficado entre 3,0% e 3,3% desde outubro de 2023.
O núcleo da inflação, que exclui os preços mais voláteis de alimentação e energia, se manteve em 3,9%, mesmo patamar verificado em dezembro e acima das projeções, que giravam em torno de 3,7%. Por fim os preços de serviços, altamente correlacionados com o mercado de trabalho aquecido, também ficaram estáveis em 5,0%, mais que o dobro da meta de inflação ao redor de 2% perseguida pelo FED. O grupo foi puxado por habitação, serviços médicos e transportes.
Em seus documentos, o FED tem reiterado que o início do ciclo de corte de juros acontecerá somente quando a inflação tiver caminhado de forma sólida para a meta. Mas os dados de inflação de janeiro colocam dúvida nesta trajetória. A desaceleração mais fraca que o esperado dos preços ao consumidor e a resistência dos núcleos pode levar a um adiamento do afrouxamento monetário, colocando a normalização das taxas de juros mais próximas do final do 1º semestre do ano.