Mercado de trabalho americano segue como fonte importante de pressão inflacionária
Texto por Marcela Kawauti, economista Lifetime
Em sua última reunião, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) ressaltou que o ciclo de corte de juros começará apenas quando os membros do comitê estiverem convencidos de que a inflação se aproxima de forma consistente em direção à meta de 2%. O mercado de trabalho é uma variável crucial neste caminho, e os dados referentes a janeiro mostraram que a rota de deflação pode ser mais lenta do que gostaria a autoridade monetária.
A criação líquida de vagas em janeiro foi de 353 mil, quase o dobro dos 185 mil esperados. Além disso, o resultado ficou acima do dado de dezembro que foi revisto para cima, de 216 mil para 333 mil. A taxa de desemprego ficou estável em 3,7%, no mesmo patamar vigente desde novembro do ano passado. As expectativas eram de alta para 3,8%.
A principal implicação do mercado de trabalho mais aquecido em janeiro foi a reaceleração do crescimento dos salários, que também vieram acima do esperado. A média de ganhos por hora passou de 4,3% em dezembro (revisado de 4,1%) para 4,5%, se afastando ainda mais da meta do Banco Central Americano de 2%. O dado voltou ao nível de agosto do ano passado e pode voltar a pressionar os preços de serviços e a demanda nos próximos meses, dificultando a convergência da inflação à meta.