Rafael Canto explica a alta do dólar, que voltou a bater a marca de R$ 5,06
O dólar apresentou forte alta ante o real nos últimos dias, após ter se mantido abaixo da marca de R$ 5,00 desde o dia 1° de junho deste ano. Nesta quinta-feira (28), a moeda norte americana chegou a ser cotada a R$ 5,06, o maior valor dos últimos três meses. Mas quais os motivos para essa alta vertiginosa do dólar, após meses de quedas expressivas?
Política monetária nos EUA
Para Rafael Canto, especialista da área de Investment Solutions da Lifetime, o principal motivo para a alta do dólar frente ao real é a relação entre a política monetária no Brasil e nos Estados Unidos.
Após a última reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed), que optou pela manutenção dos juros no patamar entre 5,25% e 5,50% ao ano, Jerome Powell, presidente do Fed, deu um discurso com tom mais duro, sinalizando que os juros devem se manter em patamar elevado por um período prolongado, visando trazer a inflação, atualmente em 3,7% ao ano, para a meta de 2% ao ano.
Com a perspectiva de juros mais altos na maior economia do planeta, cresce o apetite por ativos de renda fixa norte-americanos, em detrimento do investimento em países emergentes, o que impulsiona uma valorização do dólar com relação às moedas desses países.
“Se pegarmos nossos pares emergentes, vemos que suas moedas estão se comportando de forma muito parecida com a brasileira. As moedas do México, Polônia e África do Sul também tiveram quedas nos últimos dias, no último mês”, observa Rafael Canto.
Selic em queda, juros longos em alta
Outro fator que contribui para a valorização do dólar ante o real é o início a um ciclo de cortes na Selic, uma vez que o Brasil caminha para abandonar o posto de país com o maior juro real do mundo. Nas duas últimas reuniões, o Comitê de Política Monetária (Copom) efetuou dois cortes de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, trazendo-a de 13,75% para 12,75% ao ano.
Em suma, enquanto a perspectiva é de juros altos por tempo prolongado nos EUA, o Copom deve seguir realizando cortes nos juros por aqui. Apesar disso, em meio ao clima de incerteza e à divulgação de alguns indicadores econômicos mais fracos, as curvas longas de juros apresentaram forte alta nos últimos dias.
Conforme disse Rafael Canto, “as curvas de juros longas, que são as que de fato fazem preço no mercado, subiram muito nos últimos dez dias. Então, mesmo com uma Selic mais baixa, estamos vendo os juros longos operando em alta.”