Copom traz piora nos riscos à trajetória de convergência da inflação à meta
Por Marcela Kawauti – Economista da Lifetime Asset
Depois de um comunicado praticamente sem novidades em relação ao anterior, a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada nesta terça-feira (6) trouxe preocupações novas e detalhes relevantes a respeito da discussão de política monetária.
O Comitê reconheceu a moderação na atividade econômica, atenuada pela resiliência no consumo das famílias, que vem sendo puxado por aumento da renda, elevação do salário-mínimo e benefícios sociais e manutenção do emprego. Em especial sobre este último ponto, o colegiado notou que o mercado de trabalho apertado, com reajustes salariais acima da meta, pode atrasar a convergência da inflação à meta.
O Copom reconheceu a importância da desaceleração dos índices de preços corrente, mas demonstrou preocupação especial com os preços de serviços. Além desses novos riscos citados, o Copom manteve a atenção sobre a desancoragem de expectativas e reforçou o cumprimento das metas fiscais.
No cenário externo, a escalada das tensões políticas e o aumento dos preços de fretes adicionaram incerteza ao cenário prospectivo para a inflação. Os mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária interna serão monitorados de perto pelos membros do Copom.
Em resumo, o comitê apontou melhora do quadro inflacionário corrente e não mudou o cenário prospectivo de desaceleração da inflação, mas adicionou riscos em torno deste cenário. A ata reforçou a necessidade de uma política monetária contracionista e cautelosa, com postura marginalmente mais conservadora do comitê na comparação com a reunião de dezembro. Não há mudança na indicação de cortes de 50 pontos nas próximas reuniões, mas aumentou a possibilidade de um fim de ciclo maior do que os 9% preficados no Focus.