China: liquidação da Evergrande e novo pacote bilionário de estímulos
A semana começou movimentada na China, com notícias positivas e negativas para a segunda maior economia do planeta. Passando por turbulências nos últimos anos, a China vem enfrentando um período de desaceleração do crescimento econômico, após décadas de evolução que consolidaram o país como uma potência global.
Hong Kong ordena liquidação da Evergrande
A justiça de Hong Kong, onde estão listadas as ações da Evergrande, determinou a liquidação dos ativos da companhia após seus representantes não conseguirem chegar a um acordo para o pagamento das dívidas com os credores.
A incorporadora, que já foi uma das maiores empresas do setor imobiliário do mundo, acumula mais de US$ 300 bilhões em dívidas, e teve sua insolvência exposta após o presidente da China, Xi Jinping, anunciar novas restrições impondo limites ao tamanho do endividamento das construtoras e incorporadoras chinesas.
Conhecidas por “Três Linhas Vermelhas”, as restrições foram implementadas em 2020, e não demorou muito para que se tornasse evidente a situação insustentável da Evergrande, que há anos financiava empreendimentos em andamento com os depósitos de clientes que deveriam ser destinados a projetos futuros.
Com a decisão da justiça de Hong Kong, terá início o processo de liquidação dos bens da companhia no exterior. No que diz respeito às subsidiárias da empresa situadas na China continental, ainda não se sabe qual será o impacto da decisão, uma vez que a jurisdição local é diferente da de Hong Kong.
As ações da Evergrande, que já acumulavam uma desvalorização de mais de 90% desde a exposição da situação insustentável da dívida da companhia, tiveram queda de 21% após a notícia da liquidação, e a negociação dos papéis precisou ser suspensa.
China planeja pacote de estímulos de US$ 278 bilhões
Do lado positivo, o mercado reagiu positivamente à notícia de que o governo está estudando um novo pacote de estímulos à economia chinesa, dessa vez voltado a estabilizar o mercado acionário chinês e fortalecer a confiança dos investidores.
Ao todo, o pacote deve mobilizar cerca de 2 trilhões yuans, equivalentes a US$ 278 bilhões. Grande parte do valor deve vir de contas offshore de estatais chinesas, e o montante deve ser utilizado para adquirir ações de empresas chinesas.
A medida é cogitada após o índice de referência CSI 300, que reúne as 300 principais ações negociadas nas bolsas de Xangai e Shenzen, recuar ao menor patamar dos últimos cinco anos, o que acendeu um alerta sobre a necessidade de restaurar a confiança nas empresas chinesas.
A reação inicial dos mercados foi positiva, mas, ao que tudo indica, os efeitos do pacote podem ser limitados. O que deve ser determinante para o futuro da economia chinesa é como o governo vai lidar com a crise do setor imobiliários e as perspectivas de reaquecimento da economia como um todo.