Mercado de trabalho americano segue aquecido com crescimento importante dos salários
Por Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset
A criação de 303 mil novas vagas de emprego em março nos Estados Unidos superou o esperado pelo mercado (214 mil). Com este resultado, a média abertura de postos de trabalho no primeiro trimestre de 2024 ficou em 276 mil. Os dados estão acima das 251 mil vagas criadas por mês em 2023 e da média mensal registrada entre 2015 e 2019 (190 mil).
A taxa de desemprego ficou em 3,8% em março. A queda em relação aos 3,9% registrados em fevereiro reforça que o mercado de trabalho segue aquecido. A título de comparação, entre 2015 e 2019, período de crescimento da atividade nos Estados Unidos, o percentual médio de desocupação era de 4,4%.
Houve uma boa notícia por conta do crescimento dos salários, que desacelerou de 4,3% em fevereiro para 4,1% em março na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O recuo é positivo, mas os rendimentos avançaram mais que o dobro da meta de inflação (2%). Além disso, a forte criação de vagas mantém o mercado de trabalho aquecido e indica que a desaceleração no crescimento dos salários pode ser menor daqui para frente.
Os dados mostram que o mercado de trabalho segue como uma pressão sobre a demanda e a inflação. O FED segue, portanto, sem o conforto necessário para iniciar o ciclo de afrouxo monetário na próxima reunião marcada para 1º de maio. A Lifetime acredita que novas divulgações serão necessárias até que o FED tenha as evidências necessárias de que a inflação caminha de forma sólida para a meta e de que é hora de cortar os juros.