Resistência da inflação ao consumidor nos Estados Unidos mantém corte de juros em aberto
Por Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset
O PCE, a métrica oficial da evolução dos preços ao consumidor usada pelo FED, avançou entre janeiro e fevereiro: no acumulado em 12 meses (mais facilmente comparável com o objetivo de inflação em 2%) passou de 2,4% para 2,5%, dentro do esperado pelo mercado. Apesar do resultado em linha com as expectativas, o dado interrompeu a sequência de quedas que vinha desde outubro do ano passado. Por outro lado, houve boa notícia com a leve desaceleração dos núcleos. O núcleo que exclui os preços de alimentação e energia, chamado de PCE core, passou de 2,9% para 2,8% no acumulado em 12 meses. Os serviços também cederam de 3,9% para 3,8%.
Os sinais mistos do PCE, com alta no índice cheio e pequena desaceleração nos principais núcleos, ainda não trazem conforto para o FED. Vale ressaltar que os membros do FOMC têm repetido que serão necessárias evidências de que a inflação americana caminha de forma sólida à meta para que o ciclo de queda de juros seja iniciado. Além disso, não há pressa em afrouxar a política monetária: os riscos de começar cedo demais são maiores do que os de esperar. A autoridade monetária deverá se manter fortemente dependente de dados para cortar os FED Funds.