Copom projeta novos cortes de 50 pontos-base na Selic, mas prega cautela com cenário de incerteza
O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a ata da sua última reunião, durante a qual as autoridades monetárias votaram por mais um corte de 50 pontos-base na taxa Selic, que se encontra agora em 12,25% ao ano.
Na ata, é mencionado que os membros do Comitê concordaram unanimemente com a manutenção do ritmo de cortes ao longo das próximas reuniões, mas o documento revela também um aumento da preocupação com o cenário econômico, tanto a nível doméstico quanto a nível global. Diante da conjuntura atual, a palavra que define o sentimento dos membros do Copom é “cautela”.
Se tratando da inflação, o Copom avalia que houve um progresso desinflacionário relevante, mas destaca que as expectativas seguem desancoradas e que a inflação voltou a ficar acima do teto da meta, acumulando alta de 5,19% no intervalo de 12 meses encerrado em setembro deste ano. Esse cenário, conforme o documento, “exige serenidade e moderação na condução da política monetária”.
Dessa forma, apesar de sinalizar a manutenção do ritmo de cortes em 50 pontos-base por reunião, o Comitê enfatizou a necessidade de manter uma política monetária contracionista, mesmo com juros em um patamar inferior ao atual, de forma a garantir a convergência da inflação para a meta dentro do horizonte relevante. O Copom volta a se reunir entre os dias 12 e 13 de dezembro deste ano.
Cenário internacional
Dentre os fatores externos que afetam a condução da política monetária no Brasil, a ata destaca os juros elevados nas economias avançadas, principalmente nos Estados Unidos. Com os títulos de países desenvolvidos oferecendo prêmios mais altos, nota-se um impacto nos mercados emergentes, impacto esse que “será tão maior quanto maior for o tempo de juros mais elevados”, conforme o documento.
O Copom avalia ainda que é preciso agir com parcimônia para que o ciclo de cortes da Selic não provoque uma desvalorização significativa do real ante demais moedas, principalmente o dólar, o que pode resultar em aumentos dos preços e provocar uma nova aceleração da inflação.
Contudo, os membros do Comitê avaliam que “apesar da gravidade dos acontecimentos, como o conflito no Oriente Médio e o movimento substancial nos preços de ativos internacionais, a taxa de câmbio e o preço do petróleo tiveram variações até o momento moderadas”, o que dá certo otimismo para seguir com o ritmo atual de cortes na Selic.
Riscos domésticos
No que diz respeito ao cenário doméstico, o Copom destacou como fatores de risco a diminuição dos esforços visando a aprovação de reformas estruturais importantes, a incerteza fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a
estabilização da dívida pública.
Para o Comitê, “a incerteza fiscal se detinha sobre a execução das metas que haviam sido apresentadas, mas […], no período mais recente, cresceu a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que levou a um aumento do prêmio de risco”. Dessa forma, a ata reforçou a visão de que a firme persecução das metas fiscais é imprescindível para o controle da inflação, uma vez que o desequilíbrio das contas públicas traz consigo um forte risco inflacionário.