PCE: surpresa negativa na inflação ao consumidor em março traz preocupação ao Fed
Por Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset
Os dados divulgados ao longo de abril vêm tornando o combate do Banco Central Americano contra a inflação mais difícil. O aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio puxou os preços de petróleo para cima e elevou a volatilidade do mercado. Do lado dos preços ao consumidor, as surpresas negativas também vêm se acumulando.
O PCE, a métrica oficial da evolução dos preços ao consumidor usada pelo FED, voltou a subir e chegou a 2,7% após estabilidade em 2,5% por duas divulgações consecutivas, além de superar as projeções de 2,6%.
A composição do indicador mostrou que a alta da inflação ao consumidor foi generalizada. Os preços de serviços, uma das principais preocupações expressas pelo Fed, passaram de 3,9% para 4,0%. Também os preços de energia e alimentação voltaram a subir, passando de 1,3% para 1,5% e de -2,3% para +2,6%, respectivamente. Por fim, o núcleo que exclui esses preços, em geral mais voláteis, ficou estável em 2,8%.
A sinalização do PCE, com alta abrangente nos preços ao consumidor, reforça as apostas de que o Fed não tem espaço para cortes de juros nos próximos meses. A expectativa unânime para a próxima decisão de juros, a ser divulgada no próximo dia 1º de maio, é de manutenção dos FED Funds no patamar entre 5,25% e 5,50% pelo oitavo mês consecutivo. A avaliação dos indicadores econômicos e as sinalizações trazidas no comunicado, no entanto, serão muito importantes para as projeções em relação aos próximos passos da autoridade monetária.