IPCA-15 sobe 0,28% em agosto e sinaliza aceleração da inflação
O IPCA-15, indicador visto pelo mercado como uma prévia da inflação, avançou 0,28% em agosto, contrariando as projeções, que indicavam alta de 0,17% no período, conforme dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (25).
O dado voltou a acelerar após a deflação de 0,07% registrada em julho, e surpreendeu negativamente os mercados. Além disso, os dados para a elaboração do índice foram coletados entre 14 de julho e 14 de agosto deste ano, o que significa que os aumentos na gasolina e no diesel anunciados pela Petrobras no dia 15 deste mês ainda não impactaram o IPCA-15, e devem começar a ser sentidos no IPCA do mês de agosto completo.
IPCA-15 por grupos
Em julho, houve alta em seis dos nove grupos que compõem o IPCA-15, enquanto um se manteve praticamente estável e outros dois recuaram.
A maior alta do período foi a do grupo “habitação”, que avançou 1,08%, seguido de “saúde e cuidados pessoais”, com alta de 0,81% no mês. “Educação” e “despesas pessoais” também registraram altas relevantes, de 0,71% e 0,60%, respectivamente. O grupo “comunicação” teve alta tímida, de 0,04%, enquanto “artigos de residência” se manteve praticamente estável, com alta de 0,01%.
Por outro lado, “alimentação e bebidas”, um dos grupos mais relevantes para o índice, recuou 0,65%, trazendo certo alívio para o IPCA-15. Já o grupo “vestuário” teve queda tímida, de 0,03% no período analisado.
O que esperar nos próximos meses?
O Banco Central (BC) tem adotado uma postura cautelosa no que diz respeito aos cortes de juros, visando não dar espaço para uma nova aceleração da inflação. Contudo, com a mudança da meta calendário para a meta contínua de inflação, o BC se torna mais tolerante a picos pontuais de alta dos preços, desde que isso não comprometa o cumprimento da meta no horizonte relevante.
O aumento nos preços dos combustíveis anunciado pela Petrobras, que entrou em vigor no último dia 16, deve pressionar o IPCA em agosto e setembro, e deve contribuir para uma aceleração ainda maior do índice completo no curtíssimo prazo. No médio e no longo prazo, contudo, é preciso acompanhar de perto a evolução do indicador para averiguar qual o ritmo mais adequado de cortes na Selic.